CHARLES R. DARWIN

04/09/2012 19:17

Charles R. Darwin (1809-1882) publicou, em 1859, o livro Origem das espécies, no qual o evolucionismo se transforma de hipótese sentimental em teoria científica.

O evolucionismo já tinha sido sustentado por Lamarck (1744-1829), mas naquela época esta teoria se chocava contra duas dificuldades, que pareciam insuperáveis: a) os cálculos anteriores reduziam toda a história do universo a poucos milênios, espaço de tempo absolutamente insuficiente para a realização da origem das espécies vivas por meio da evolução; b) as inscrições antigas manifestavam claramente que os animais e o homem não tinham passado por nenhuma mudança sensível nos últimos três ou quatro mil anos. Argumentava-se disso que eles não podiam ter evoluído de antepassados comuns nos poucos milênios anteriores.

A situação mudou substancialmente no século XIX. Os estudos sobre a formação dos minerais e dos estratos da crosta terrestre obrigaram os cientistas a reverem a data da origem do mundo: ele já existia há milhões de anos. Assim estava superado o elemento tempo, principal obstáculo para a teoria da evolução. Ao mesmo tempo foram feitas numerosas descobertas que podiam ser interpretadas como confirmação da doutrina da evolução, tais como a de povos desconhecidos e de formas de civilização anteriores à nossa e a de formas de vida humana e de animais extintos documentadas pelos fósseis etc.

Com semelhantes precedentes não foi difícil a Darwin propor a doutrina da evolução como teoria científica. Ele mesmo nos ofereceu dela uma esplêndida síntese na conclusão da Origem das espécies. Em poucas páginas demonstra ele a possibilidade, a extensão, as vantagens e as leis da evolução.

— Em relação à possibilidade, eis a prova de Darwin: “Se o homem, quando se trata dos seus interesses, pode, com paciência, escolher variações, por que, nas complexas e mutáveis condições da vida, não poderiam nascer e ser conservadas ou escolhidas variações úteis aos seres vivos?

“Que limites é necessário estabelecer a este poder que age em períodos extensíssimos, perscrutando a constituição, a estrutura e os hábitos de cada criatura, favorecendo as melhores e descartando as piores?

“Eu não consigo ver nenhum limite a este poder que lenta e maravilhosamente adapta cada forma às mais complicadas relações da vida.

A doutrina da seleção natural, mesmo sem outras pesquisas, parece muito provável ( . . . ) Mas então, poderia perguntar alguém, por que até hoje ninguém dentre os mais eminentes naturalistas e geólogos acreditou na mutabilidade das espécies?

A opinião segundo a qual as espécies eram imutáveis era inevitável enquanto se pensava que a história do mundo tinha uma duração breve

A outra razão pela qual os naturalistas do passado não podiam admitir a mutabilidade das espécies era a sua concepção rígida da distinção entre espécie e variedade. Mas também esta razão cai por terra quando “se admite que as espécies não são mais do que variedades acentuadas e permanentes e que todas as espécies existiram antes como variedades; sendo assim, vemos que não se pode traçar uma linha de demarcação entre as espécies que são consideradas comumente como produzidas por um ato especial de Deus (criação) e as variedades que todos admitem terem sido produzidas por leis secundárias”.

— Extensão da evolução: “Alguém me perguntará até que ponto estendo eu a modificação das espécies ( . . . ) Sustento que os animais procedem de quatro a cinco progenitores, no máximo, e as plantas, de um número igual ou inferior. A analogia me sugeriria dar um passo adiante e acreditar que todos os animais e plantas descendam de um mesmo protótipo. Mas a analogia pode falhar.

— Vantagens da evolução: “Os mais eminentes autores parecem satisfeitos com a doutrina segundo a qual cada espécie foi criada separadamente. A mim me parece, contudo, mais em conformidade com as leis que sabemos impressas por Deus na matéria, que a origem e a extinção dos habitantes passados e presentes do mundo sejam devidas a causas secundárias semelhantes às que determinam o nascimento e a morte dos indivíduos”.

— Leis da evolução: “As leis principais são as seguintes: crescimento (multiplicação dos seres) por meio da reprodução; hereditariedade, quase implícita na reprodução; variabilidade, em conseqüência da ação indireta e direta das condições de vida e do uso ou desuso dos órgãos; um aumento tão grande que pode levar à luta pela vida e conseqüentemente à seleção natural, a qual implica a diversificação dos tipos e a extinção das formas menos desenvolvidas”.